sexta-feira, setembro 23, 2005

A eterna Balzaquiana


by titta
Há pouco estava a reler um texto interessante sobre os 30 que decidi partilhar convosco. O texto foi extraído do livro “A Mulher Madura”, Editora Rocco, 1986, pág. 36. "Fazer 30 anos é coisa fina, é começar a provar do néctar dos deuses e descobrir que sabor tem a eternidade. O paladar, o tacto, o olfacto, a visão e todos os sentidos estão a começar a tirar prazeres indizíveis das coisas. Aos 30 já se aprendeu os limites da ilha, já se sabe de onde sopram os tufões e, como o náufrago que se salva, é hora de se autocartografar. Já se sabe que um tempo em nós destila, que no tempo nos deslocamos, que no tempo nós nos diluímos e aqui sim começam os nossos dilemas. Fazer 30 anos é passar da recta à curva. Fazer 30 anos é passar da quantidade à qualidade. Fazer 30 anos é mais do que chegar ao primeiro grande patamar. É mais que poder olhar pra trás. Chegar aos 30 é hora de se abismar. Por isto é necessário ter asas, e sobre o abismo voar." Não faço 30, mas sim 36 e acredito que estes têm sido os melhores anos da minha vida. Não sou perfeita, longe disso, mas atingi um estado mais calmo, uma paz interior que me permite saber ao menos o que não quero! (Sim, porque considero-me uma balancinha muito inconstante). Ao longo dos 30 damo-nos conta que nada é perfeito, que estar com alguém é administrar o encontro das imperfeições e das virtudes. A vida profissional também ganha contornos mais maduros, os amigos também; não aguentamos mais filas, nem conversas fúteis...Barafustamos com mais facilidade, e por outro lado, aceitamos melhor o que não podemos mudar.
Texto muito interessante sobre as Balzaquianas:

Apesar de conseguirmos aquilo com que sempre sonhamos antes, constatamos que as coisas aos trinta e picos mudaram sim, mas não nas fantásticas dimensões que sonhávamos. A vida continua uma rotina e boa parte do que sonhamos não aconteceu. Continuamos preocupadas feito loucas, resolvendo problemas, solidão, limitações, pneus a mais, reconciliações bancárias, etc e tal. O corpo, sempre fiel à cronologia, avisa que o tempo passou e que, agora, é impossível dançar a noite inteira de salto alto. A barriga parece querer chegar antes de nós. O rosto, depois de três décadas de emoções, começa a revelar traços do que alma viveu e deixou de viver. Porém, passado o susto, dá para perceber coisas boas, também. Ainda guardamos um frescor juvenil, mas as cabeçadas diminuem consideravelmente. Não é qualquer um que conquista o nosso coração, antes tão susceptível às idealizações. Com esta idade, sabemos que, se não lutarmos, as coisas não caiem do céu. Os amigos não são perfeitos, mas são melhores. Amizades fúteis são facilmente esquecidas. O amigo ganha uma outra dimensão. Sejam bem-vindas aos trinta e picos, balzaquianas. Sejam bem-vindas à realidade, ao que de facto interessa. Sejam bem-vindas ao amor próprio e à alegria dos dias.Ao dizer Não, basta, não quero mais! Chegar aqui dói, mas logo passa. E dor não é nenhuma novidade. Isso para nós é canja, ou como dizem os americanos "uma fatia de bolo" que é o que nós mais gostamos ehehehhehehe...Beijokas e beberei um copo à saúde das Guerreiras!!! Até mais,